terça-feira, 30 de junho de 2009

Teatro - Morte e Vida Severina

"Morte e Vida Severina" é um dos maiores clássicos da literatura brasileira. Escrito pelo grande poeta pernambucano "João Cabral de Melo Neto" em 1955, o livro sempre foi uma das maiores obras da literatura nacional. Em 1965, com todo o sucesso do livro, "Morte e Vida Severina" teve sua estréia nos palcos do TUCA (Teatro da Universidade Católica) e foi dirigido por Silnei Siqueira. A peça fez um imenso sucesso no Brasil e no exterior, chegando a receber o prêmio de crítica e público no IV Festival de Teatro Universitário de Nancy, França, em 1966. Chico participou dessa apresentação em Nancy como violonista do espetáculo, pois o violonista original não pode viajar para esse festival. Para ir, Chico teve que vender seu Fusca para poder bancar a viagem.



Em 1965, Roberto Freire, diretor do teatro TUCA da PUC de São Paulo pediu ao então muito jovem Chico Buarque que musicasse a obra Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto. E assim foi feito.




No enredo da obra de João Cabral, o retirante Severino desce aberando o rio Capibaribe em direção do mar e da cidade do Recife encontrando em seu percurso diversas paisagens marcadas pela morte e pela miséria do semi árido, velórios, enterros, animais mortos, além de ver a morte com emprego, tamanha a sua incidência. Ao chegar à cidade, nos manguezais periféricos, assiste a um parto, onde a vizinhança traz seus presentes ao bebê, novas demonstrações da pobreza, rebatida pelo pai da criança com a única esperança: o próprio ato de nascer um novo ser humano.




O livro se divide em 18 partes distintas:

Parte 1: explicação de Severino que se apresenta e diz onde e porque vai

Parte 2: A primeira morte é a da emboscada. Severino trava um diálogo com dois homens que carregam um defunto embrulhado na rede, saindo quase triste o estribilho " irmãos das almas "




Parte 3: A Segunda forma de morte encontrada é a própria natureza agreste do sertão. O retirante vê o seu rio-guia, o Capibaribe, seco.

Parte 4: Temeroso de perder o rumo segue a viagem, indo em direção do som de uma cantoria e Severino depara com um velório. No momento das excelências, dois homens começam a imitar o som das vozes dos que rezam.

Parte 5: O retirante cansado interrompe a viagem e procura um trabalho. Em solilóquio Severino retoma os motivos que o fizeram partir: está à procura da vida; de certa maneira, tenta esconder sua própria vida, ultrapassar os trinta, catando as migalhas que lhe permitem a sobrevivência.

Parte 6: Novo diálogo é estabelecido desta vez com uma mulher. Enquanto Severino vai desafiando o que sabe fazer, o leitor percebe que o conhecimento adquirido por ele não pode ajudá-lo, pois o que ele precisa saber para trabalhar com a mulher é pouca coisa, e justamente são estas coisas que ironicamente revelam quem ela é.








Parte 7: A caminhada prossegue e o retirante chega á Zona da Mata. Em contato com a terra mais branda e macia, já próxima do litoral e com rios que não secam, Severino percebe que aí pode se estabelecer, vê uma leve esperança balançar, decerto pela aparente beleza do lugar.



Parte 8: A oitava cena vem em resposta aos versos que finalizaram a anterior. Por que não havia gente no lugar? Os trabalhadores levam um morto ao cemitério, um trabalhador da lavoura. Severino-observador ouve o que dizem os amigos do finado. Uma raiva até então contida vai crescendo, acompanhada do ritmo da poesia que salta em versos de redondilhas menores até versos eneassílabos, sofrendo cortes rápidos, o que dá a impressão de tumulto.



Parte 9: O retirante apressa o passo afim de chegar mais rapidamente ao Recife. Nesta cena, ele reitera o motivo de sua retirada: não foi pela cobiça, mas para defender sua própria vida. No entanto, as esperanças vão se rareando, porque em qualquer lugar a morte é sua sempre companheira.

Parte 10: Chegando ao Recife, Severino pára para descansar e ouve a conversa de dois coveiros. Ambos discutem a possibilidade de arrematar bens com a morte, com promoções e gorjetas. A morte carrega as características do morto enquanto vivia, seu lugar depende de sua classe social em um cemitério também dividido, hierarquizado. Somente os retirantes são a " massa " da morte e morrem sem classificação

Parte 11: O retirante se aproxima de um cais de rio, confessa não ter esperado muita coisa, pois tinha a consciência de que a vida não seria diferente na cidade. No entanto esperava que melhorassem suas condições de vida, com água, farinha e um pouco mais de expectativa de vida. Só que sem querer descobre, da conversa dos coveiros que seguia seu próprio enterro.




Parte 12: A décima segunda cena estabelece uma ruptura e ao mesmo tempo anuncia a próxima parte. Trata-se do encontro de Severino com a primeira forma de otimismo exterior ao personagem, um otimismo contido, possível em tais circunstâncias da vida. O retirante trava um diálogo com José, mestre carpina. Enquanto vai dando forma às suas angústias através de perguntas, recebe uma resposta.

Parte 13: A mulher de José anuncia a chegada do filho. O anúncio do nascimento do filho-esperança, filho do mestre carpina, que " saltou para dentro da vida", num jogo contínuo de antíteses em que se opõem as desesperanças severinas à esperança.

Parte 14: Aparecem para visitar o recém-nascido amigos, vizinhos e duas ciganas. Ao tomarem a palavra os elementos de cada grupo-coral, tecem loas, fazem predições, trazem presentes, em cena que reconstitui no lamaçal (presépio) ribeirinho o milagre da vida. Severino é colocado fora da cena, como mero observador em contato com a pequena alegria, que faz o povo esquecer, por um tempo a dura realidade que carregam.



Parte 15: Presentes são levados à criança, reis magos da miséria repartem a pobreza.

Parte 16: Ao tomarem a palavra, as duas ciganas tecem suas previsões. Num processo de perfeita identidade do homem ao meio em que ele vive, as videntes tiram lições de sobrevivência. A primeira cigana toma a palavra, antecipa para a criança o mesmo destino de seu pai; a Segunda cigana prediz um destino, que levará o menino às máquinas e a paragens nos mangues melhores do Beberibe.

Parte 17: Chegam os vizinhos e cantam a beleza do recém-nascido. Os atributos que distinguem a criança são os mesmos que marcam toda a população restante. Criança magra, franzina, pálida, pequena, mas criança que vai fazer minar um pouco de vida.

Parte 18: No último segmento da peça, após a valorização da vida, o mestre carpina toma a palavra, dialoga com Severino, que é chamado mas permanece mudo.




Nesse trecho clássico, referente `a parte 1, o retirante explica quem ele é e onde e porque vai:


— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.


Mais isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.

Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.

Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.

Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).

Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,

a de querer arrancar
alguns roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.




Faixas da trilha sonora

01 - de sua formosura
02 - severino - o rio - notícias do alto sertão
03 - mulher na janela
04 - homens de pedra
05 - todo o céu e a terra
06 - encontro com o carnaval
07 - funeral de um lavrador
08 - chegada ao recife
09 - as ciganas
10 - despedida do agreste
11 - o outro recife
12 - fala do mestre carpina




Ficha Técnica - Montagem de 1965

Autoria: João Cabral de Melo Neto

Cenografia: José Armando Ferrara

Direção: Silnei Siqueira

Direção musical: Zuínglio Faustini

Elenco/Personagem: Adolfo Musolino, Afonso Coaracy, Ana Lia Fernandes, Ana Lúcia Rodrigues, Ana Maria A. Ferreira, Andiara A. de Oliveira, Antônio Mercato,

César Falcão, Clarizia de S. Prado, Dálcio Caron, Daniela Diez, Elizabeth Nazar, Evandro F. Pimentel, Iacov Hillel, Ignes Porto, José Roberto H. Maluf,
Lamartino Leite Filho, Leticia Leite, Magaly Toledo Canto, Manoel Domingos, Marcos M. Gonçalves, Maria Cristina da Silva Martins, Maria da Penha Fernandes,

Maria Helena Motta Julião, Marina Sprogis, Melchiades Cunha Júnior,Moema L. Teixeira, Moisés B. Agreste, Sandra Di Grazia, Sergio Davanzzo, Vera Lucia Muniz,

Figurino: José Armando Ferrara

Iluminação: Sandro Polloni

Produção: TUCA

Trilha sonora: Chico Buarque

Teatro - O Grande Circo Místico

O espetáculo de dança “O Grande Circo Místico” foi escrita por Chico Buarque com parceria de Edu Lobo para o Ballet Teatro Guaíra de Curitiba, no início da década de 80. Ela foi idéia do dramaturgo Naum Alves de Souza e baseada no poema “O Grande Circo Místico” de Jorge de Lima, lançado no livro "A túnica inconsútil" de 1938 e que conta uma história de amor entre um aristocrata e uma acrobata, e desse amor surge um circo. O espetáculo foi um grande sucesso e teve sua primeira temporada apresentada pelo Brasil por cerca de dois anos.




O disco com a trilha sonora da peça, lançado em 1983 é uma obra prima, repleto de lindas canções, consequências da bela parceria de Edu e Chico. Entre outros, participaram da gravação desse disco nomes como Gal Costa, Jane Duboc, Milton Nascimento, Simone, Gilberto Gil, Tim Maia, Zizi Possi, Veronica Sabino, Tom Jobim.

Uma das músicas mais conhecidas do espetáculo é a "Beatriz". Jorge de Lima havia criado em seu poema a personagem Agnes, a equilibrista. Chico Buarque mudou seu nome para Beatriz e a transformou em atriz, invés de equilibrista, numa bela homenagem a Beatrice Portinari, de Dante.






A lista abaixo mostra faixa por faixa e quem interpretava cada uma:

01. abertura do Circo - instrumental
02. Beatriz - Milton Nascimento
03. Valsa dos clowns - Jane Duboc
04. Opereta do casamento - Coro
05. A história de Lily Braun - Gal Costa
06. Oremus - Coro
07. Meu namorado - Simone
08. Ciranda da Bailarina - Coro Infantil
09. Sobre todas as coisas - Gilberto Gil
10. O tatuador - instrumental
11. A bela e a fera - Tim Maia
12. O Circo Místico - Zizi Possi
13. Na Carreira - Chico Buarque e Edu Lobo






O espetáculo foi novamente montado em 2002 com novos clássicos de Edu Lobo e Chico Buarque. Edu Lobo criou oito novas canções instrumentais para essa nova montagem, com o intuito de evitar desgaste e repetição excessiva das músicas da montagem original.




Letra - O Circo Místico
(Chico Buarque de Hollanda)

Não
Não sei se é um truque banal
Se um invisível cordão
Sustenta a vida real

Cordas de uma orquestra
Sombras de um artista
Palcos de um planeta
E as dançarinas no grande final

Chove tanta flor
Que, sem refletir
Um ardoroso expectador
Vira colibri

Qual
Não sei se é nova ilusão
Se após o salto mortal
Existe outra encarnação

Membro de um elenco
Malas de um destino
Partes de uma orquestra
Duas meninas no imenso vagão

Negro refletor
Flores de organdi
E o grito do homem voador
Ao cair em si

Não sei se é vida real
Um invisível cordão
Após o salto mortal

Teatro - Ópera do Malandro

A quarta peça escrita por Chico Buarque foi a “Ópera do Malandro”, que foi escrita em parceria com Ruy Guerra no ano de 1978. A peça foi um grande sucesso, ficou em cartaz cerca de um ano de terça a domingo no Teatro Ginastico.



A peça foi baseada na “Ópera dos mendigos” (Beggar’s Opera) de John Gay, de 1728 e na “Ópera de três vinténs” (Die Dreigroschenoper) de Bertolt Brecht e Kurt Weill, de 1928. A “Ópera dos mendigos” era composta por um prólogo e três atos e teve sequência na peça “Polly”. A “Ópera de três vinténs” começava com a explicação abaixo para a escolha do título:

“Vocês ouvirão agora uma ópera. Porque ela foi planejada de forma tão pomposa, como só um mendigo poderia sonhar, e porque ela deveria ser tão barata, que até os mendigos possam pagar, ela se chama A Ópera dos Três Vinténs”.



A história da “Ópera do Malandro” se passa no Rio de Janeiro, na Lapa dos anos quarenta, num cenário semelhante ao de 1978, ano no qual a peça foi escrita, pois no primeiro, a ditadura de Getúlio Vargas e a Segunda Grande Guerra estavam em andamento, mas já em suas fases finais. Assim como em 1978, apesar do regime militar ainda estar no poder, já se via um futuro melhor e democrático dentro de alguns anos.



Boa parte da peça se foca nos embates entre Fernandes de Duran, rico comerciante e dono de cabarés da Lapa e Max Overseas, o contrabandista malandro que chega até a se casar com Teresinha de Jesus, a filha de Duran. Também há embates entre Teresinha e Lúcia, “funcionária” do cabaré e que disputam o malandro Max. A peça também discute a entrada inescrupulosa de multinacionais no Brasil, o poder do dinheiro e da corrupção.




Em 1986, “Ópera do Malandro” estreiou no cinema, sob direção de Ruy Guerra. Para essa versão, algumas adaptações foram necessárias, como a inclusão de novas músicas, como a fenomenal “A Volta do Malandro”.



Lista de músicas da peça “Ópera do Malandro” (1978)

01 O malandro (Die Moritat von mackie messer)
02 Hino de Duran
03 Viver do Amor
04 Uma canção desnaturada
05 Tango do Covil
06 Doze anos
07 O casamento dos pequenos burqueses
08 Homenagem ao malandro
09 Geni e o Zepelim
10 Folhetim
11 Ai, se eles me pegam agora
12 O meu amor
13 Se eu fosse o teu patrão
14 Teresinha
15 Pedaço de mim
16 Ópera
17 O malandro nº2 (Die Moritat von Mackie Messer)

Lista de músicas do filme “Ópera do Malandro” (1986)

01 "A Volta do Malandro"
02 "Las Muchachas de Copacabana"
03 "Tema de Geni"
04 "Hino da Repressão"
05 "Aquela Mulher"
06 "Viver do Amor"
07 "Sentimental"
08 "Desafio do Malandro"
09 "O Último Blues"
10 "Palavra de Mulher"
11 "O Meu Amor"
12 "Tango do Covil"
13 "Uma Canção Desnaturada"
14 "Rio 42"
15 "Pedaço de Mim"

Ficha Técnica

Direção: Luiz Antônio Martinez Corrêa
Assistente de direção: João Carlos Motta
Cenografia e figurinos: Maurício Sette
Assistência de figurinos: Rita Murtinho
Direção musical: John Neschling
Assistente de direção musical: Paulo Sauer
Arranjos: John Neschling Paulosauer
Direção vocal interpretativa: Glorinha Beutenmuller
Direção corporal: Fernando Pinto
Iluminaçãos: Jorge Carvalho
Programa: Maurício Arraes


Elenco - por ordem de entrada

O Produtor: Ary Fontoura
A Patronesse: Maria Alice Vergueiro
João Alegre: Nadinho Da Ilha

Duran: Ary Fontoura
Vitória: Maria Alice Vergueiro
Teresinha: Marieta Severo
Max: Otávio Augusto
Lúcia: Elba Ramalho
Geni: Emiliano Queirós
Barrabás: Ivens Godinho
Johnny Walker: Vander De Castro
Phillip Morris: Paschoal Villamboim
Big Bem: Ivan De Almeida
General Eletric: Vicente Barcelos
Dóris Pelanca: Ilva Nino
Fichinha: Cidinha Milan
Dorinha Tubão: Elza De Andrade
Shirley Paquete: Neuza Borges
Jussara Pé De Anjo: Maria Alves
Mimi Bibelô: Cláudia Jiménez

Teatro - Gota D'água

A terceira peça escrita por Chico Buarque foi Gota d’água. Foi escrita no ano de 1975 em parceira com Paulo Pontes e baseada na obra “Medéia” de Eurípides. De maneira genial, eles traçam várias relações de semelhanças entre a tragédia grega de “Medéia” e o cotidiano sofrido num conjunto habitacional do Rio de Janeiro dos anos 70.



Na peça, esse conjunto habitacional se chama “Vila do Meio-Dia”. A grande protagonista do espetáculo é “Bibi Ferreira”, que através de uma performance simplesmente brilhante, transmite toda a raiva e rancor que sua personagem “Joana” guarda para Jasão, interpretado por Roberto Bomfim. Ao desenrolar da peça, Jasão abandona Joana e seus dois filhos para ficar com Alma, interpretada por Bete Mendes, filha de Creonte, interpretado por Oswaldo Loureiro e que é o proprietário do conjunto habitacional.


De acordo com a lenda grega, a feiticeira Medéia ajudou Jasão, o líder dos argonautas, a conseguir o velocino de ouro. Medéia era filha de Eetes, o rei da Cólquida. Eetes possuía o velocino de ouro, o mantinha guardado por um dragão e Jasão e os argonautas buscavam. A feiticeira Medéia apaixonou-se por Jasão, ajudou-o a realizar sua a conseguir o velocino de ouro e seguiu junto com o grupo para Jolcos, o país de Jasão. Depois Jasão se apaixonou por Glauce e abandonou Medéia. Então , inconformada, Medéia estrangulou os filhos que tinha com Jasão e deu de presente a Glauce um manto mágico que se incendiou ao se transformar em vestido, matando-a.



Além dessas relações feitas pelos autores, outros fatores brasileiros foram incorporados à obra. Macumba, samba e um povo pobre sofrido são alguns deles.




Faixas do disco com trilha sonora da peça:
01 - flor da idade
02 - entrada de joana
03 - monólogo do povo
04 - bem querer
05 - desabafo de joana para jasão
06 - joana e as vizinhas
07 - gota d'água
08 -joana promote
09 - basta um dia
10 – ritual
11 – veneno
12 - morte



Ficha Técnica

Direção geral: Gianni Ratto
Cenários e figurinos: Walter Bacci
Direção musical: Dory Caymmi
Coreografia: Luciano Luciani
Produção executiva: Casa Grande


Elenco - por ordem de entrada

Bibi Ferreira: Joana
Oswaldo Loureiro: Creonte
Luiz Linhares: Egeu
Roberto Bomfim: Jasão
Bete Mendes: Alma
Sonia Oiticica: Corina
Carlos Leite: Cacetão
Isolda Cresta:Nenê
Norma Sueli: Estela
Selma Lopes: Zaíra
Maria Alves: Marta
Roberto Rônei:
Boca Pequena
Isaac Bardavi: Amorim
Geraldo Rosas: Xulé
Angelito Melo: Galego

Teatro - Calabar, o elogio da traição

A segunda peça teatral escrita por Chico Buarque foi “Calabar, o elogio da traição”. Diferente de “Roda Viva”, essa peça fora escrita não apenas por ele, mas com a grande parceria de “Ruy Guerra”. A peça começou a ser escrita entre os anos de 1972 e 1973, durante os anos de ferro do fatídico governo do General Emílio Garrastazu Médici e as vésperas do abril florido da revolução portuguesa. Torturas, sequestros, homicídios permeavam a rotina daqueles dias difíceis, tudo devidamente ofuscado pela censura pós AI-5 e pela arbritariedade do governo da época. Democracia era cada vez mais um desejo ardente esquerdista de uma realidade melhor, que parecia ser cada vez mais distante.

A peça foi escrita nesse contexto, o que acabou por chamar a atenção dos militares e dos censores. Segundo relato do Chico no DVD Bastidores, o livro “Calabar” foi liberado pela censura sem maiores problemas. Já o disco, inicialmente entitulado “Chico canta Calabar” teve suas músicas censuradas parcial ou totalmente, fazendo com que algumas músicas fossem lançadas como canções instrumentais. A peça teatral teve a pior situação. O seu texto, após análise dos censores, havia sido aprovado. Porém, na data marcada para a análise da montagem da peça, a equipe de censores responsável por fazer a avaliação da peça sequer apareceu no teatro, o que fez com que a peça, que contava com mais de 80 pessoas na equipe e orçamento de 30 mil dólares, acabasse não indo a cartaz e gerando grandes confusões entre o público e sérios problemas para os produtores da peça.


Um pouco de história
Entre 1580 e 1640, Portugal foi de propriedade espanhola, o que incluía suas colônias também, como o Brasil. Os portugueses já tinham relações comerciais fortes com os holandeses, que controlavam o comércio do açúcar na Europa, além de financiar a produção açucareira no Brasil. Como já havia dominado Portugal, os espanhois queriam impedir que os holandeses continuassem controlando o comércio do açucar. Desse modo, os holandeses revidaram na tentativa de dominar as fontes de seu comércio, ou seja, teria que dominar parte do terrtório brasileiro onde o açúcar era cultivado. Assim, fizeram um grande ataque em 1624 na cidade de Salvador, centro administrativo da época e sem muito socesso, foram expulsos um ano depois. Mas na segunda invasão, em 1630 e em Olinda, os holandeses foram mais bem sucedidos e conseguiram dominar uma área litorânea que ia do Segipe até o Maranhão, que ficou conhecida como Brasil-Holandês e tinha Mauricio de Nassau como governador. Domingos Fernandes Calabar nasceu aproximadamente no ano de 1600 em Porto Alvo, Alagoas. Era comerciante, contrabandista e grande conhecedor do território brasileiro. Por motivos não muito claros, ele decide apoiar os holandeses, sendo assim considerado um traidor pelos portugueses e se tornando personagem fundamental para o sucesso da segunda invasão holandesa.

A peça se passa nesse contexto do acontecimento da invasão holandesa no nordeste brasileiro, e põe em discussão se Calabar era de fato um traidor ou se sua opção era realmente correta. Referências a Portugal e ao abril florido da revolução portuguesa dão à peça um caráter maravilhoso e subversivo, explícito em canções como “Fado tropical”, que num trecho diz:

“Oh, musa do meu fado Oh, minha mãe gentil
Te deixo consternado No primeiro abril
Mas não sê tão ingrata Não esquece quem te amou
E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal”


Em 1980, foi feita uma nova montagem que, dessa vez, foi realmente apresentada ao público.

Ficha Técnica - Primeira Montagem

Produção:Fernando Torres e Fernanda Montenegro
Direção: Fernando Peixoto
Diretores assistentes: Mário Masetti e Zdenek Hampl
Direção de produção: Cacá Teixeira
Assistente de produção: Renato Laforet e Leda Borges
Direção musical: Dori Caymmi
Orquestração: Edu Lobo
Coreografia: Zdenek Hampl
Cenários: Hélio Eichbauer
Figurinos: Rosa Magalhães e
Hélio Eichbauer


Elenco

Tete Medina
Betty Faria
Hélio Ari
Antônio Ganzarolli
Lutero Luís
Flávio São-Tiago
Perfeito Fortuna
Deoclides Gouvêa
Odilon Wagner e mais:
Ana Maria Vianna
Ângelo de Mareus
Antonio Pompeu
Anselmo di Vasconcelos
Belara Gudi
Carlos Alberto Santana
Dirce Morais
Dulcilene Morais
Imara dos Reis Ferreira
Ivens Godinho
José Roberto Mendes
Katia D'Ângelo
Lincoln dos Santos
Márcio Augusto
Maria Alves
Maria do Carmo
Nilton Brandão
Nina Pádua
Octávio César
Paschoal Villaboim
Paulo Afonso Gregório
Paulo de Tarso
Paulo Terra
Suzanne Motta Jacob
Taíse Costa
Thelmo Marques
Vilian
Wladimir Gonçalves.


Músicos

Danilo Caymmi
Dori Caymmi
João Palma
Maurício Mendonça
Tenório Jr.

Equipe Técnica

Iluminação: Antonio Pedro
Sonoplastia: M. S. 2001
Divulgação: Leda Borges

Ficha Técnica - Segunda Montagem

Direção geral: Fernando Peixoto
Diretor assistente: Wagner de Paulo
Direção musical,arranjos e música de cena: Marcus Vinicius
Diretor de Cena: Paulo Carrera
Cenografia e Figurinos: Hélio Eichbauer


Elenco

Sérgio Mambert: Frei Manoel do Salvador
Othon Bastos: Mathias de Albuquerque e Maurício de Nassau
Tânia Alves: Bárbara
Martha Overbeck: Anna de Amsterdã
Osmar di Pieri: Oficial Holandês
Gésio Amadeu: Henrique Dias e Papagaio Oba
Miguel Ramos: Felipe Camarão e Escrivão
Elifas Andreato: Agente da C.I.O.
e a participação em diversos personagens dos atores:
Ariel Moshe
Dadá Cyrino
Édsel Britto
Ina Rodrigues
Luiz Braga
Luiz Carlos Gomes
Mercedes de Sousa
Mônica Brant
Samuel Santiago
Wilson Rabelo
Zdenek Hampl


Músicos

Magno Bissoli Siqueira: Bateria e Percussão
João Carlos Mourão: Contrabaixo e Violão
Fernando (Mu): Violão, Guitarra e Bandolim
Max Werneck Muniz: Flauta, Sax-soprano e Sax-tenor
Zeymar: Flauta e Sax-alto
Dagmar: Trompete


Equipe Técnica

Produção executiva: Eliane Bandeira
Sócia gerente: Regina de Souza Malheiros
Assessoria administrativa: João Luiz Rossi
Divulgação: Sérgio Ascoly
Coreografia: Zdenek Hampl
Sonoplastia: Cacá
Iluminação: Mário Masetti
Fotografias: José Rodrigues
Cartaz: Elifas Andreato
Programa: Alexandre Huzak
Camareira: Helena Lima da Silva
Maquinista: Paschoal Landi
Cenotécnico:João Tereza
Operador de luz: Adolfo Santana
Costureira: Alice Correa

Teatro - Roda Viva



A primeira peça de Chico Buarque estreou no Rio de Janeiro, no Teatro Princesa Isabel em 15 de janeiro de 1968. A peça foi escrita no final do ano de 1967, após o lançamento de seu segundo disco entitulado “Volume 2” e tinha Marieta Severo, Heleno Pests e Antônio Pedro como atores principais nessa sua primeira montagem. A direção foi de José Celso Martinez Corrêa. Essa primeira temporada da peça foi um tremendo sucesso.

Porém com todo esse sucesso e também sua montagem agressiva e provocativa, a peça tornou-se símbolo da resistência contra a ditadura durante a temporada da segunda montagem. Essa montagem tinha como atores principais Marília Pêra e Rodrigo Santiago. No mês de julho desse mesmo ano de 1968, durante uma apresentação teatro Ruth Escobar, no bairro do Bixiga em São Paulo, houve uma invasão de 110 pessoas do grupo de extrema direita “Comando de Caça aos Comunistas” (CCC). O CCC espancou artistas e depredou o cenário. Dizem que esse grupo havia invadido esse teatro para espancar o elenco da peça “A Primeira Feira Paulista de Opinião”, dirigido por Augusto Boal e que havia estreado no dia 5 de junho do mesmo ano. Porém por algum motivo entraram na sala de exibição do Roda Viva e assim a selvageria sobre os artistas acabou acontecendo. No dia seguinte a esse lamentável acontecimento, o espetáculo foi apresentado novamente e com Chico Buarque na primeira fila da platéia para dar apoio para o elenco e toda a equipe.

Segundo o que o próprio Chico declarou no DVD Bastidores, toda essa polêmica gerada em torno da peça não fazia sentido, pois a peça não teria relações e referências claras contra o regime militar que estava no poder desde 1 de abril de 1964. O termo “Roda Viva” seria uma referência a todo o aparato caótico e artificial do mundo da fama repentina, cenário no qual o compositor havia entrado de cabeça na época, principalmente após o Festival da Música Popular Brasileira de 1966, da TV record, no qual “A Banda” foi a grande canção campeã junto com “Disparada” de Geraldo Vandré e Theo de Barros e interpretada brilhantemente por Jair Rodrigues. Por não se identificar com toda aquela roda viva do mundo da fama e do sucesso exacerbado.





Roda Viva ainda chegou a ter uma nova montagem em 2005, sob direção de Patrícia Zampiroli e direção musical de Paulo Name.

A trilha sonora da peça conta com obras primas de Chico como a faixa título da peça, além da genial “Sem fantasia”, que foi gravada no disco “Volume 3” de 1968 e conta com a participa ção de sua irmã, Cristina Buarque. Na minha opinião, "Sem fantasia" tem uma das melhores melodias compostas por Chico. Essa música foi regravada por Emílio Santiago e Joyce no disco "Chico Buarque - songbook 2". A canção "Roda Viva" foi regravada por Fernanda Porto no disco "Giramundo" e por Ivan Lins e No Pingo Dagua no disco "Chico Buarque Songbook 3".


No DVD Bastidores aparece essa gravação fantástica de Chico com Caetano em 1978, cantando "Sem fantasia". Simplesmente perfeito.


Já no DVD "Roda Viva" aparece essa gravação com Chico e o MPB4 cantando a própria "Roda Viva"



Ficha técnica 1° montagem:
Direção: José Celso Martinez Corrêa
Cenários e figurinos: Flávio Império
Direção musical: Carlos Castilho
Coreografia: Klauss Vianna
Direção de produção: Renato Corrêa de Castro e Rony Nascimento
Assistente de direção: Antônio Pedro
Personagens:
Benedito Silva
Ben Silver
Benedito Lampião
Anjo da Guarda
Juliana
Juju
Capeta
Mané
Coro e músicos
Elenco:
Heleno Prestes
Antônio Pedro
Marieta Severo
Flávio São Tiago
Paulo César Pereio
Alceste Castelani
Ângela Falcão
Ângela Vasconcelos
Eudósia Acunã
Érico Vidal
Fábio Camargo
Fernando Reski
Ada Gauss
Jura Otelo
Maria Alice Camargo
Maria José Mota
Pedro Paulo
Samuel Costa
Músicos:
Leão Brechov
Tião
Zelão
Guaxinim





Ficha técnica 2° Montagem:
Direção: José Celso Martinez Corrêa
Cenários e figurinos: Flávio Império
Direção musical: Carlos Castilho
Coreografia: Klauss Vianna
Produção executiva: Renato Corrêa de Castro
Assistente de direção: Antônio Pedro
Assistente de produção e cenografia: Mari Yoshimoto
Assistente de direção musical: Zelão
Assistente de coreografia: Jura Otero
Elenco/ Personagem :
Rodrigo Santiago: Benedito Silva
Ben Silver:Benedito Lampião
Antônio Pedro: Anjo da Guarda
Marília Pêra: Juliana/Juju
Flávio Santiago: Capeta
Paulo César Pereio:Mané
Músicos :
Alex: órgão
Brechov: bateria
Tião: baixo/violão
Guaxinin: piston
Zelão: guitarra/viola/violão

Ficha tecnica 3° Montagem:
Texto e músicas: Chico Buarque de Hollanda
Direção: Patricia Zampiroli
Direção musical: Paulo Name
Direção de produção: Ângela Blazo, Fernanda Faria e Marcelo Cabanas
Cenografia e adereços: Julio Paredes
Iluminação: Marcelo Cabanas
Figurino: Mirian Leobino
Maquiagem: Nayamara Bomfim
Assessoria de imprensa: Ney Motta
Fotografias: Léo Miranda e Renato Marques
Assistente de direção: Candice Abreu
Assistente de cenografia: Simone Carvalho
Assistente de maquiagem: Carmen Zanatta Kawahara
Coreografias: Danielle Lopes
Preparação de circo: Anton Pap e Gilvan Gomes
Preparação vocal: Fernanda Faria
Técnico de som: Rodrigo Aquino
Elenco
Bernardo Carvalho
Candice Abreu
Carmen Zanatta Kawahara
Carol Bello
Carolina Ribeiro
Cristiano Penna
Evie Saide
Fernanda Faria
Henrique Lancaster
Marcela Siebler
Maria Eduarda
Marina Makhohl
Nayamara Bomfim
Reiner Tenente
Renata Assunção
Takna Formaggini
Viviane Soledade
Walney Junior.
Músicos
Thiago Salinas: violão
Dida de Mello: violão e guitarra
Paula Menezes: contra-baixo e violoncelo
Eurico de Morais: sax alto e flauta
Milton Ribeiro : bateria
Julio Paredes: percussão


segunda-feira, 29 de junho de 2009

Chico Buarque - Apresentação



Sejam todos bem vindos ao blog "Homenagem ao malandro"! Tive a idéia de criar esse blog para falar um pouco sobre Chico Buarque de Hollanda, meu compositor favorito e discorrer sobre suas obras e participações no teatro, cinema, música e literatura.

Vou sempre procurar postar com a maior frequência possível. Espero que gostem! ;)

Abraço,

Marcio Soares.